Entendendo o Domain-Driven Design: Uma Perspectiva Prática através do Mundo do Planejamento Urbano

Andrey Nithack
4 min readJun 30, 2023

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O Domain-Driven Design (DDD) é uma abordagem poderosa para o desenvolvimento de software que coloca a compreensão do domínio de negócio no centro do processo de desenvolvimento. Em vez de permitir que a tecnologia conduza o design do software, o DDD busca uma profunda compreensão das complexidades e sutilezas do domínio para que o software desenvolvido esteja alinhado com as necessidades e objetivos do negócio. Para ilustrar a aplicação prática do DDD, vamos usar o exemplo do planejamento urbano.

Modelo de Domínio: A Essência do Negócio

No coração do DDD está o Modelo de Domínio, um sistema de abstrações que descreve os elementos selecionados do domínio e como eles interagem. No contexto do planejamento urbano, o modelo de domínio pode incluir conceitos como “Edifícios”, “Estradas”, “Parques” e “Zonas Residenciais”. Esses elementos formam a base para a lógica e funcionalidade do software. Com um modelo de domínio bem definido e abrangente, os desenvolvedores podem garantir que o software que estão criando reflete com precisão as necessidades do domínio.

Linguagem Ubíqua: Promovendo a Comunicação Efetiva

O DDD promove o uso de uma Linguagem Ubíqua, uma linguagem comum que é usada por todos os membros da equipe do projeto, incluindo desenvolvedores, gerentes de projeto, stakeholders do negócio e usuários finais. No planejamento urbano, por exemplo, termos como “zona residencial”, “infraestrutura de transporte” e “espaço verde” seriam usados consistentemente em todo o projeto, tanto no código quanto nas discussões de negócios e documentação. Isso ajuda a garantir uma compreensão clara e compartilhada dos conceitos do domínio e minimiza o risco de mal-entendidos.

Contextos Delimitados: Gerenciando a Complexidade

Os Contextos Delimitados são uma ferramenta chave para lidar com a complexidade no DDD. Eles permitem que os desenvolvedores dividam um grande domínio em vários contextos menores, cada um com seu próprio modelo de domínio. No caso do planejamento urbano, diferentes contextos delimitados poderiam incluir “Planejamento de Tráfego”, “Design Urbano”, “Gestão de Espaços Verdes” e “Planejamento de Infraestrutura”. Dentro de cada contexto delimitado, os conceitos do domínio têm significados específicos e podem ter regras diferentes. Por exemplo, o conceito de “estrada” no contexto de “Planejamento de Tráfego” pode ter regras e comportamentos diferentes do que no contexto de “Planejamento de Infraestrutura”.

Entidades e Objetos de Valor: Os Componentes do Modelo de Domínio

Dentro do modelo de domínio, os desenvolvedores trabalham com Entidades e Objetos de Valor. As Entidades são objetos que têm uma identidade única e contínua ao longo do tempo. No planejamento urbano, por exemplo, “Edifícios” e “Estradas” seriam entidades, cada um com uma identidade única. Por outro lado, os Objetos de Valor são definidos pelo conjunto de seus atributos, e não por uma identidade única. Por exemplo, um “Endereço” ou uma “Localização” seria um Objeto de Valor — eles são importantes para o sistema, mas não têm uma identidade contínua.

Agregados: Gerenciando a Consistência

Agregados são clusters de Entidades e Objetos de Valor que são tratados como uma única unidade para fins de gerenciamento de estado e consistência. Em nosso exemplo, um “Bairro” pode ser um Agregado, composto por várias “Residências”, “Edifícios”, “Estradas” e talvez até mesmo “Parques”. O Agregado garante a consistência de todas as suas partes, de modo que qualquer alteração no Agregado como um todo mantenha a consistência do sistema.

Serviços de Domínio: Encapsulando a Lógica de Negócio Complexa

Os Serviços de Domínio são usados para encapsular a lógica de negócio que não se encaixa naturalmente dentro de uma Entidade ou Objeto de Valor. No planejamento urbano, um exemplo de um Serviço de Domínio poderia ser um “Serviço de Planejamento de Rotas”, que leva em consideração várias “Estradas”, “Edifícios” e “Zonas” para calcular a melhor rota entre dois pontos.

Repositórios: Persistindo os Objetos de Domínio

Os Repositórios fornecem uma abstração para o armazenamento e recuperação de Agregados. Eles permitem que os desenvolvedores trabalhem com objetos de domínio sem ter que se preocupar com os detalhes de como esses objetos são persistidos no banco de dados. No nosso exemplo, poderíamos ter Repositórios para “Bairros”, “Estradas” e “Edifícios”, cada um responsável por salvar e recuperar esses Agregados.

Eventos de Domínio: Lidando com Mudanças de Estado

Eventos de Domínio são usados para representar algo de significativo que aconteceu no sistema, normalmente uma mudança de estado. No planejamento urbano, um exemplo de um Evento de Domínio poderia ser “EdifícioConstruído”, que seria disparado quando a construção de um novo edifício é concluída. Este evento poderia desencadear uma série de outras ações no sistema, como a atualização do plano urbano.

Camada Anticorrupção: Protegendo o Modelo de Domínio

Uma Camada Anticorrupção pode ser usada quando nosso software precisa se integrar com outros sistemas que possuem seus próprios modelos de domínio. Por exemplo, se o software de planejamento urbano precisasse se integrar a um sistema de gerenciamento de construção externo, a Camada Anticorrupção agiria como um tradutor entre os dois sistemas, garantindo que o modelo de domínio do software de planejamento urbano não seja corrompido pelo modelo do sistema externo.

Fábricas: Criando Objetos de Domínio Complexos

As Fábricas são usadas para criar Agregados ou Entidades complexas que têm regras de criação específicas. No nosso exemplo, poderíamos ter uma fábrica para criar um novo “Bairro”, que garantiria que todos os componentes necessários do bairro (como “Residências”, “Edifícios”, “Estradas”) são criados e estão em um estado válido.

Ao utilizar o Domain-Driven Design, as equipes de desenvolvimento podem abordar o desenvolvimento de software de uma forma mais orientada para o negócio, resultando em um software que é mais alinhado com as necessidades do negócio, mais flexível às mudanças e, em última análise, mais valioso para os usuários.

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Written by Andrey Nithack

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